Caudectomia: o que você precisa saber

A caudectomia, ou corte da cauda de cães, é um procedimento que, durante muito tempo, foi realizado por motivos estéticos ou até mesmo por tradição em algumas raças. No entanto, essa prática é considerada uma mutilação desnecessária e prejudicial ao bem-estar dos animais. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por meio das resoluções nº 1027/2013 e nº 877/2008, proíbe o corte de cauda (caudectomia), de orelhas (conchectomia), a eliminação das cordas vocais (cordectomia) em cães e a retirada das garras de felinos (onicectomia), exceto em casos com indicação clínica para tratamento.

Mutilações e maus-tratos

Essas cirurgias são vistas como mutilações e, portanto, são considerados maus-tratos aos animais. A Constituição Federal brasileira proíbe qualquer prática que submeta os animais à crueldade, conforme previsto no artigo 225, §1º, inciso VII. Além disso, a Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/1998) considera crime as práticas de abuso, maus-tratos, ferimentos ou mutilações de animais, sejam eles domésticos, silvestres ou exóticos.

Assim, qualquer pessoa ou profissional que realize esses procedimentos sem uma justificativa clínica estará cometendo um crime ambiental. Médicos-veterinários que executarem esses procedimentos sem necessidade médica estão sujeitos a processos ético-disciplinares e podem ser punidos conforme o Código de Ética da profissão e as resoluções do CFMV.

O impacto no bem estar e no comportamento dos animais

O corte de cauda e de orelhas interfere diretamente na capacidade dos cães de expressar comportamentos naturais. Cães se comunicam com suas caudas e orelhas de maneira significativa. A cauda, por exemplo, é usada para demonstrar emoções como alegria, medo, alerta e submissão. Ao cortar essa estrutura, o animal perde parte dessa capacidade de comunicação, o que pode resultar em mal-entendidos com outros cães e até com humanos, aumentando as chances de conflitos.

Além disso, a cauda também funciona como um contrapeso que ajuda o cão a manter o equilíbrio durante corridas e movimentos ágeis. O corte pode prejudicar esse equilíbrio natural, interferindo em atividades físicas e na qualidade de vida do animal.

No caso das orelhas, além da perda na comunicação, o corte as deixa mais vulneráveis à entrada de água e insetos, o que aumenta o risco de infecções no canal auditivo. Esse procedimento também é extremamente doloroso para o animal, visto que a orelha é uma área altamente vascularizada e sensível.

Alternativas ao corte de cordas vocais

As vocalizações dos cães, como latidos e uivos, também fazem parte de sua comunicação natural. A cordectomia, que remove as cordas vocais, é outra prática proibida pelo CFMV, exceto em casos de problemas clínicos severos, como câncer. Para lidar com cães que latem excessivamente, é possível adotar alternativas menos invasivas e cruéis, como o enriquecimento ambiental, adestramento e aumento de atividades físicas que auxiliam na redução da ansiedade e no controle comportamental.

Garras dos felinos: por que não remover?

Nos gatos, a onicectomia, ou retirada das garras, é uma prática que impede os felinos de realizarem comportamentos naturais, como escalar e arranhar. Esses comportamentos são essenciais para o bem-estar dos gatos, pois afiar as garras está relacionado ao relaxamento e cuidados corporais. Além disso, a retirada das garras os torna mais vulneráveis a situações de perigo e estresse.

Conclusão

Procedimentos como caudectomia, conchectomia, cordectomia e onicectomia são considerados mutilações e causam sofrimento desnecessário aos animais. Essas práticas são proibidas e vistas como maus-tratos pelo CFMV e pela legislação brasileira. O bem-estar dos animais deve sempre ser priorizado, e qualquer intervenção cirúrgica só deve ser realizada em casos de necessidade clínica comprovada. Lembre-se de que respeitar o comportamento natural dos animais é essencial para garantir sua saúde física e mental.

Referências:

Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/1998.

CFMV Resolução nº 1027/2013.

CFMV Resolução nº 877/2008.

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